BDI e o Acórdão 2622/2013 do TCU: Diretrizes Básicas para utilização em Orçamentos de Obras Públicas.
- Wanderson de Andrade Simplicio
- 5 de fev.
- 3 min de leitura

Escrito por: Me. Wanderson de Andrade Simplicio
No setor da construção civil, a definição correta do BDI (Bonificação e Despesas Indiretas) é essencial para garantir que o orçamento da obra seja mais preciso. O BDI engloba os custos indiretos e a margem de lucro da construtora, refletindo fatores como garantias, riscos, impostos e despesas financeiras. Mas como calcular esse índice corretamente? Neste artigo, vamos explorar de forma rápida sua composição, a importância da sua correta aplicação e referências do Tribunal de Contas da União (TCU) para definição do percentual.
O Que É o BDI?
O BDI é um índice aplicado sobre o custo direto da obra para se obter o preço final do serviço. Ele é composto por diversos elementos, como:
AC = taxa de administração central
S = taxa de seguros
R = taxa de riscos
G = taxa de garantias
DF = taxa de despesas financeiras
L = taxa de lucro/remuneração
I = taxa de incidência de impostos (PIS, COFINS e ISS)
A equação do BDI é expressa da seguinte forma:

Este cálculo permite que a empresa construtora precifique corretamente seus serviços, garantindo a viabilidade do empreendimento.
Faixa de Aplicação do BDI em Obras Públicas
O Tribunal de Contas da União (TCU), por meio do Acórdão 2622/2013, estabeleceu uma faixa de referência para a aplicação do BDI em obras públicas, variando de acordo com o tipo de empreendimento. Veja um exemplo para construção de edifícios:
BDI para Construção de Edifícios
Quartil | BDI (%) |
1º Quartil | 20,34% |
Média | 22,12% |
3º Quartil | 25,00% |
BDI para Itens de Mero Fornecimento de Materiais e Equipamentos
Quartil | BDI (%) |
1º Quartil | 11,10% |
Média | 14,02% |
3º Quartil | 16,80% |
O TCU recomenda que as administrações públicas utilizem esses valores como referência para evitar distorções no orçamento e garantir um planejamento financeiro realista.
Componentes do BDI e Impacto da Desoneração
A composição do BDI pode variar dependendo da incidência de tributos e políticas fiscais. A desoneração da folha de pagamento, por exemplo, tem um impacto significativo na definição do índice.
Veja como os componentes do BDI se comportam com e sem desoneração:
Componente | Sem Desoneração (%) | Com Desoneração (%) |
Administração Central | 4,00% | 4,00% |
Seguros + Garantias | 0,80% | 0,80% |
Riscos | 1,27% | 1,27% |
Despesas Financeiras | 1,23% | 1,23% |
Lucro | 7,40% | 7,40% |
PIS | 0,65% | 0,65% |
COFINS | 3,00% | 3,00% |
ISS | 2,00% | 2,00% |
CPRB | 0,00% | 4,50% |
Total BDI | 22,23% | 28,35% |
A desoneração da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB) em 4,5% gera uma variação no BDI final, atingindo 28,35% quando aplicada.
Nos orçamentos com desoneração, a CPRB é incluída no BDI, e o percentual de 20% referente ao INSS é removido dos encargos sociais. Já nos orçamentos sem desoneração, a CPRB é excluída do BDI, sendo necessário manter esse percentual de 20% nos encargos sociais relativos ao INSS. Em outras palavras, quando há desoneração, o BDI aumenta e os encargos sociais são reduzidos; por outro lado, na ausência de desoneração, o BDI diminui e os encargos sociais aumentam.
A correta definição do BDI é fundamental para a viabilidade financeira dos projetos de construção civil. Ele permite que a empresa construtora cubra seus custos indiretos, tributos e obtenha uma margem de lucro justa. A aplicação do BDI de acordo com parâmetros estabelecidos pelo TCU é uma estratégia recomendada para garantir transparência e eficiência na execução de obras públicas.
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