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Selic em alta: Desafios e Oportunidades para a Construção Civil

Escrito por: Rúbia Karla Faria Lopes


A recente alta da Selic para 14,75% ao ano trouxe desafios importantes para o setor da construção civil, mas também abriu novas oportunidades, especialmente com a criação da Faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida (MCMV).


Impacto Direto no Crédito e Investimentos


Com os juros no maior nível desde 2006, o crédito se torna mais caro e menos acessível, tanto para consumidores quanto para incorporadoras. Isso pressiona os custos e reduz o ritmo de novos lançamentos, que caíram 7% no início de 2025, mesmo com as vendas de apartamentos novos crescendo 17%, segundo a CBIC. Além disso, os custos da construção continuam altos, com o INCC acumulando +7,54% nos últimos 12 meses e a mão de obra subindo +9,96%.


Eficiência Operacional e Negociação Estratégica


Em tempos de juros altos e pressão nos custos, a eficiência operacional é fundamental. Investir em tecnologia, como BIM (Building Information Modeling), IoT para monitoramento de obras e ferramentas de automação de compras, pode ajudar a reduzir desperdícios, otimizar cronogramas e melhorar o controle de custos.

Além disso, negociar melhor os contratos de compra de materiais e serviços é essencial para reduzir o impacto da inflação no setor. Estratégias como compras antecipadas, contratos de longo prazo e parcerias com fornecedores podem garantir preços mais competitivos e prazos mais flexíveis, melhorando a previsibilidade financeira das obras.


Faixa 4 – Uma Oportunidade em Meio ao Cenário Desafiador


Para mitigar parte desse impacto, o governo lançou a nova Faixa 4 do MCMV, voltada para famílias com renda mensal entre R$ 8,6 mil e R$ 12 mil. Essa faixa, aprovada pelo Conselho do FGTS, oferece juros de 10% ao ano + TR, bem abaixo dos 13% ao ano + TR praticados pelo mercado tradicional.

Para as construtoras, isso representa uma oportunidade de explorar um nicho que até então estava fora do programa, ajudando a reduzir o déficit habitacional estimado em 7,8 milhões de moradias no Brasil. Segundo a ABRAINC, o mercado potencial para essa faixa pode somar 1,6 milhão de unidades nos próximos 10 anos – uma oportunidade significativa para quem souber se posicionar corretamente.


Resiliência do Setor Mesmo em Cenários Adversos


Apesar dos desafios, o setor continua a movimentar a economia e gerar empregos, com uma demanda crescente por insumos e serviços especializados. A produção de insumos para construção cresceu +4,9% e as vendas de materiais de construção no varejo subiram +6,7%, indicando que o setor segue resiliente.


Tecnologia como Diferencial Competitivo


Empresas que investem em tecnologia para digitalizar seus processos, usar dados para prever demanda e otimizar o uso de recursos estão mais preparadas para enfrentar cenários adversos. Ferramentas de gestão integrada, análise preditiva e automação de compras podem ajudar a reduzir custos e melhorar a eficiência, protegendo as margens mesmo em tempos de alta dos juros.


Equilíbrio é a Chave


Para as construtoras, o desafio é encontrar o equilíbrio certo: investir em eficiência operacional para reduzir custos, explorar novos modelos de negócio como Built-to-Rent e aproveitar as oportunidades criadas por programas como o Minha Casa, Minha Vida para capturar novos clientes.

 
 
 

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